Gênero: Naturalista
Publicação: 1895
Obra literária obrigatória para a realização do vestibular da UFPR desde 2011.
Amaro é alto e
forte e negro, porém tem seus ânimos alterados com a bebida. Apelidado de Bom-Crioulo por conta de ser um
soldado exemplar e aparentemente ter bom comportamento e temperamento, é um
escravo fugido que vai trabalhar na marinha em busca de uma nova vida. Até que
Aleixo chega à tripulação, um jovem grumete loiro de olhos claro e pele muito
branca e com traços delicados, acaba chamando a atenção de Amaro que fica
encantado com tamanha beleza.
Por sua vez, Aleixo percebe a situação que se
formou e resolve tirar proveito, pois conclui que receberia vantagens caso se
aproximasse do Bom-Crioulo e principalmente: seria protegido. Algumas vezes na
semana o navio atraca na cidade deixando a tripulação livre, então Amaro chama
Aleixo para ir com ele a um sobrado de uma senhora de pelo menos uns 40 anos de
idade chamada Dona Carolina, que se localiza numa vila e é taxada como
prostituta, já que abriga em sua pensão os necessitados, independente de quem
seja. Os dois passam a primeira noite juntos e tem uma relação homossexual. E rotineiramente isso se repete, já que a embarcação atraca na cidade com certa
frequência.
No entanto, tempos depois Amaro é surpreendido com uma
transferência de navio, deixando Aleixo desamparado e livre. Surgiram às
dificuldades para os amantes se encontrarem, que com o tempo eram cada vez
maiores, e Aleixo continuava ir para a pensão de Dona Carolina. Mas, numa noite, a senhora com seu instinto maternal aflorado juntamente com desejo feminino
seduz o grumete e dali em diante eles se tornam amantes.
Bom-Crioulo ansioso
para ver Aleixo foge do seu navio que espera pelo jovem na pensão, porém Aleixo
não aparece, despertando a desconfiança de Amaro, que acaba bebendo e arranja
confusão. Punido pelo superior da embarcação, Amaro fica tão machucado que teve
que ser levado ao hospital, lá envia um bilhete para Aleixo pedindo para visitá-lo,
mas o que Amaro não sabe é que o bilhete não chega ao seu destinatário, pois
Dona Carolina não o entrega.
Dias depois, Amaro recebe a visita de um antigo
companheiro de embarcação, que confessa o envolvimento de Aleixo e Dona
Carolina. O Bom-Crioulo foge pela madrugada do hospital e chega à vila onde se
localiza a pensão, avista Aleixo e tomado pelo ódio inicia uma discussão com o
grumete, Amaro mata o jovem e logo em seguida Dona Carolina tem sua atenção
chamada pela multidão que se forma na rua e se aproxima, então ela vê Aleixo
estendido no chão, morto.
Características
do Naturalismo:
- Explicação do mundo através de forças
da natureza;
- Homem condenado a suas características
biológicas – hereditariedade – e ao meio social em que vive – determinismo
-;
- Influência do evolucionismo de Charles
Darwin;
- Influência do Positivismo: realidade
através da ótica da ciência;
- Descrição de ambientes e pessoas;
- Uso de linguagem coloquial;
- Características de animais para o ser
humano
- Temas abordados: desejos humanos,
instintos, loucura, violência, exploração social, traição e miséria.
A obra do Adolfo
Caminha é a primeira a abordar o homossexualismo brasileiro, seguindo
rigorosamente as características do naturalismo. Amaro é condenado pelo meio em
que vive, ou seja, por ser escravo fugido que busca exílio na marinha o
determinismo já é desfavorável com ele. Porém, já Aleixo tem o determinismo
favorável a ele, não sofre preconceitos por causa do seu tom de pele e, além
disso, a todo tempo recebe atenções do Bom-Crioulo e de Dona Carolina.
Tendo em vista que o
livro foi escrito no século 19, não é difícil a leitura, são poucas as
expressões e as palavras que exigem uma atenção maior. E, a todo tempo as
personagens estão ligadas ao instinto animal, guiados pelo desejo, temperamento
e imprevisibilidade. Conhecendo as características do naturalismo e o contexto
histórico em que o livro foi escrito possibilita aflorar o senso crítico, o que
facilita a interpretação do livro.
Particularmente,
Bom-Crioulo me chama a atenção por trabalhar muito bem com a imparcialidade,
novamente, essencial no naturalismo. E para a sociedade da época era uma grande
crítica à marinha, por conta da denúncia ao ambiente cruel vivido pelos
tripulantes, já que Adolfo Caminha em 1883 ingressou na Escola Naval. E, ainda,
ao retratar Amaro como escravo fugido era fazendo menção à realidade escravista
da época, que mesmo com a escravatura abolida em 1888 no Brasil, infelizmente
ainda fazia parte da realidade.
A discussão da
liberdade é constante, pois mesmo tendo se libertado dos donos, Amaro é
condenado pelo meio, preso a correntes invisíveis, em tom pessimista e sem
oportunidade de fuga das fraquezas humanas. Aleixo, por sua vez, é retratado
com traços femininos para Amaro e masculinos para Dona Carolina. E para
encerrar, Amaro já corrompido, comete o crime passional e mata Aleixo.
Então, o que acharam da história? Deixe seu comentário!