quinta-feira, 19 de junho de 2014

Bom-Crioulo

Autor: Adolfo Caminha
Gênero: Naturalista 
Publicação: 1895
Obra literária obrigatória para a realização do vestibular da UFPR desde 2011.


Amaro é alto e forte e negro, porém tem seus ânimos alterados com a bebida.  Apelidado de Bom-Crioulo por conta de ser um soldado exemplar e aparentemente ter bom comportamento e temperamento, é um escravo fugido que vai trabalhar na marinha em busca de uma nova vida. Até que Aleixo chega à tripulação, um jovem grumete loiro de olhos claro e pele muito branca e com traços delicados, acaba chamando a atenção de Amaro que fica encantado com tamanha beleza. 

Por sua vez, Aleixo percebe a situação que se formou e resolve tirar proveito, pois conclui que receberia vantagens caso se aproximasse do Bom-Crioulo e principalmente: seria protegido. Algumas vezes na semana o navio atraca na cidade deixando a tripulação livre, então Amaro chama Aleixo para ir com ele a um sobrado de uma senhora de pelo menos uns 40 anos de idade chamada Dona Carolina, que se localiza numa vila e é taxada como prostituta, já que abriga em sua pensão os necessitados, independente de quem seja. Os dois passam a primeira noite juntos e tem uma relação homossexual. E rotineiramente isso se repete, já que a embarcação atraca na cidade com certa frequência.

 No entanto, tempos depois Amaro é surpreendido com uma transferência de navio, deixando Aleixo desamparado e livre. Surgiram às dificuldades para os amantes se encontrarem, que com o tempo eram cada vez maiores, e Aleixo continuava ir para a pensão de Dona Carolina. Mas, numa noite, a senhora com seu instinto maternal aflorado juntamente com desejo feminino seduz o grumete e dali em diante eles se tornam amantes. 

Bom-Crioulo ansioso para ver Aleixo foge do seu navio que espera pelo jovem na pensão, porém Aleixo não aparece, despertando a desconfiança de Amaro, que acaba bebendo e arranja confusão. Punido pelo superior da embarcação, Amaro fica tão machucado que teve que ser levado ao hospital, lá envia um bilhete para Aleixo pedindo para visitá-lo, mas o que Amaro não sabe é que o bilhete não chega ao seu destinatário, pois Dona Carolina não o entrega. 

Dias depois, Amaro recebe a visita de um antigo companheiro de embarcação, que confessa o envolvimento de Aleixo e Dona Carolina. O Bom-Crioulo foge pela madrugada do hospital e chega à vila onde se localiza a pensão, avista Aleixo e tomado pelo ódio inicia uma discussão com o grumete, Amaro mata o jovem e logo em seguida Dona Carolina tem sua atenção chamada pela multidão que se forma na rua e se aproxima, então ela vê Aleixo estendido no chão, morto.

Características do Naturalismo:
  • Explicação do mundo através de forças da natureza;
  • Homem condenado a suas características biológicas – hereditariedade – e ao meio social em que vive – determinismo -;
  • Influência do evolucionismo de Charles Darwin;
  • Influência do Positivismo: realidade através da ótica da ciência;
  • Descrição de ambientes e pessoas;
  • Uso de linguagem coloquial;
  • Características de animais para o ser humano
  • Temas abordados: desejos humanos, instintos, loucura, violência, exploração social, traição e miséria.
A obra do Adolfo Caminha é a primeira a abordar o homossexualismo brasileiro, seguindo rigorosamente as características do naturalismo. Amaro é condenado pelo meio em que vive, ou seja, por ser escravo fugido que busca exílio na marinha o determinismo já é desfavorável com ele. Porém, já Aleixo tem o determinismo favorável a ele, não sofre preconceitos por causa do seu tom de pele e, além disso, a todo tempo recebe atenções do Bom-Crioulo e de Dona Carolina.

Tendo em vista que o livro foi escrito no século 19, não é difícil a leitura, são poucas as expressões e as palavras que exigem uma atenção maior. E, a todo tempo as personagens estão ligadas ao instinto animal, guiados pelo desejo, temperamento e imprevisibilidade. Conhecendo as características do naturalismo e o contexto histórico em que o livro foi escrito possibilita aflorar o senso crítico, o que facilita a interpretação do livro.

Particularmente, Bom-Crioulo me chama a atenção por trabalhar muito bem com a imparcialidade, novamente, essencial no naturalismo. E para a sociedade da época era uma grande crítica à marinha, por conta da denúncia ao ambiente cruel vivido pelos tripulantes, já que Adolfo Caminha em 1883 ingressou na Escola Naval. E, ainda, ao retratar Amaro como escravo fugido era fazendo menção à realidade escravista da época, que mesmo com a escravatura abolida em 1888 no Brasil, infelizmente ainda fazia parte da realidade.

A discussão da liberdade é constante, pois mesmo tendo se libertado dos donos, Amaro é condenado pelo meio, preso a correntes invisíveis, em tom pessimista e sem oportunidade de fuga das fraquezas humanas. Aleixo, por sua vez, é retratado com traços femininos para Amaro e masculinos para Dona Carolina. E para encerrar, Amaro já corrompido, comete o crime passional e mata Aleixo.


Então, o que acharam da história? Deixe seu comentário!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Quem é você, Alasca?

Quem é você, Alasca? de John Green, editora WMF Martins Fontes. 


“Quem é você, Alasca?” primeiro livro do John Green, porém fez sucesso somente após o tão famoso “A culpa é das estrelas”. É o início da série de nerds que teremos nas histórias de Green, seu primogênito é Miles Halter.

Ele é um garoto inocente, nerd e colecionador de fúnebres últimas palavras, decidido em mudar sua entediante e correta vida, vai à busca do “Grande Talvez” mencionado pelo poeta François Rabelais em seu leito de morte. Ao seguir os passos dos homens da sua família e se matricular no colégio interno Culver Creek, sua busca começa, mas é aberto a ele um novo mundo: o do cigarros e do álcool. 

Apelidado de “Gordo” por seu colega de quarto veterano Chip Martin, o “Coronel”, Miles acaba conhecendo Takumi e a inteligente, sensual, irreverente e linda Alasca Young. Assim formam um quarteto: Gordo, Coronel, Takumi e Alasca, desafiando as normas – não tão rigorosas assim – do internato. 

Alasca divide com Miles as últimas palavras de Simón Bolívar “Como sairei desse labirinto?”, e desafia-o a achar o que significa o labirinto – se é a vida ou a morte –  e como faz para sair dele. E a história se desenrola, com Miles apaixonado por Alasca, amor platônico, já que ela tem namorado – Jake  – e não o corresponde. E ainda, em seus tempos livres eles pregam peças, quebram regras, enlouquecem o Águia – diretor do colégio – e, principalmente, obedecem à regra principal entre os alunos de Culver Creek: é proibido dedurar, quem quer que seja.

Enquanto você lê, é impossível não torcer por pelo menos um beijo entre Miles e Alasca, tem momentos que se aproxima muito de acontecer, é Q-U-A-S-E! É difícil, você sente raiva, angústia e se decepciona ao mesmo tempo. Bom, eu não vou entregar se acontece ou não, se não perde a graça, no entanto, eu posso adiantar que não segue a linha dos romances convencionais. 

Sem contar a curiosidade que fiquei para saber o que era O Labirinto, tive muitas interpretações do que poderia ser e de como sair dele, formulei várias hipóteses e teses e não acertei. Entretanto, para ser sincera, é um livro fácil e rápido de ler, sem muitas dificuldades de entendimento e a história em si é baseada no romance clichê entre um nerd e a menina popular. A diferença é que a Alasca sofre algumas adaptações, pois ela não é somente popular, ela também possui uma carga emocional muito pesada, sem contar a rebeldia e o ar depressivo de seus dilemas. 

Confesso que, particularmente, ele me venceu pela curiosidade, principalmente para saber o que seria a contagem de dias que substitui os capítulos tradicionais e ainda a divisão do livro entre “antes” e “depois”. Foi o primeiro e até agora único livro do John Green que eu li, mas sei superficialmente a história de vários, e eles basicamente, seguem praticamente as mesmas características dessa narrativa. 

“Quem é você, Alasca?” fará você questionar a vida e querer aproveita-la, e também te deixará com vontade de estudar num colégio interno como Culver Creek. Um livro misterioso, decepcionante, surpreendente e com uma história descontraída, com várias partes engraçadas protagonizadas pelas personagens. Como uma que é contada logo no início pela Alasca, quando o Gordo a conhece, ela fala para ele e para o Coronel que seu amigo de infância fez “fon-fon” nos seus seios durante as férias. 

“... se as pessoas fossem chuva, eu seria a garoa, e ela um furacão.” (Halter, Miles).


E aí, alguém já leu? Gostaram? Para vocês, o que é O Labirinto? Estão com vontade de ler? Deixe seu comentário!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Folheando

Oi!

Hoje, oficialmente, entra no ar o Folheando! Um blog para falar de livros diversos, incluindo os de vestibulares, mas também abordando filmes que originaram de obras literárias. Sou apaixonada por livros, desde criança, e fui ganhando gosto pela escrita com o passar dos anos. Após o término de um livro, sempre tem aquela fase que você não sabe o que fazer, você fica triste com o fim da história e não quer se desprender dela. E ainda, ao mesmo tempo, você quer contar para todos o quão interessante – ou não - foi a sua leitura. E o Folheando servirá para isso, mais do que simples resenhas de grandes best-sellers, espero que o Folheando desperte em você o interesse de conhecer e ler livros ainda não tão famosos – ou que, pelo menos, ainda não viraram modinha.

Seja bem-vindo! Aqui o espaço é seu também! Sinta-se à vontade para ler, comentar, sugerir livros e dar opiniões sobre as obras.



Por enquanto, é isso, logo volto com a primeira resenha!